Pontos-gatilho: conheça o que é um dos tratamentos para dores de cabeça crônica

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Em casos de dores crônicas, esse tratamento é realizado por um profissional especializado em dor e promove o alívio e bem-estar ao paciente

Seja após um dia cansativo no trabalho, muito esforço ou o estresse do cotidiano. Dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia evidenciam que 95% das pessoas têm dor de cabeça pelo menos uma vez na vida. Claro, em muitos casos a dor pode até surgir por um momento e passar após um breve período. Mas lembre-se: sentir dor não é normal.

Desta forma, existem vários tratamentos que podem ser realizados de forma interdisciplinar para aliviar os sintomas. Especialmente nos casos de pacientes que possuem essa cefaleia (termo médico para a dor de cabeça) de forma mais frequente e duradoura, ou seja aqueles que apresentam a chamada dor crônica. Uma das técnicas é trabalhar com os pontos-gatilho!

Para exemplificar um pouco mais sobre esse tratamento e quando ele pode ser considerado, convidamos o especialista da NeuroDoc, Dr. José Lucas M. T. Rodrigues. Ele é neurologista especialista no Tratamento da Dor pelo Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto (HCFMR-USP). O Dr. José explica como funciona os pontos-gatilhos, os principais sinais de alerta e, principalmente, quando procurar um especialista. Vamos lá!

Como diferenciar uma dor comum de uma dor crônica?

Uma das principais dúvidas inicias é justamente identificar o tipo de dor que o paciente possui. O Dr. José explica que o critério atual para diferenciação é o método temporal. “O tempo para ser considerada uma dor crônica geralmente é de 3 meses, podendo aparecer até 6 meses em alguns estudos”, explica o médico. “No entanto, é importante lembrar que ter dor, apesar de comum, não é normal. E por isso, independente do tempo, é importante uma avaliação para identificar as causas”, reforça o especialista.

Compreender cada paciente individualmente é essencial para o melhor diagnóstico. Afinal, no caso das cefaleias, por exemplo, podemos encontrar dois tipos: as primárias e as secundárias. Uma cefaleia primária é quando a dor de cabeça é a própria doença e o foco da dor está justamente ali. Já a secundária é quando a dor de cabeça, na verdade, é sintoma de outra condição. Por exemplo, traumatismo, tumor cerebral e entre outros. “Vale ressaltar que as principais causas de cefaleia crônica, ou seja, aquela que perdura por pelo menos mais de três meses, são geralmente as primárias. Um exemplo é a enxaqueca crônica”, explica o Dr. José.

Mas da mesma forma que a dor de cabeça pode ser um sintoma de outra doença, a cefaleia também pode refletir por outras partes do corpo. O Dr. José conta que toda dor crônica possui como característica a sensibilização secundária. Ou seja, quando a dor não fica localizada em seu local original. “Um clássico exemplo são as dores lombares mecânicas, que podem ter irradiação para os membros inferiores após um tempo”, explica. “Neste mesmo grupo, a cefaleia pode se espalhar para região cervical, ombros e até mesmo membros superiores”, comenta.

Por isso, a dor de cabeça crônica pode impactar diretamente no bem-estar do paciente. Desta forma, realizar um tratamento eficaz é essencial para eliminar a dor e oferecer mais qualidade de vida. Como, por exemplo, através dos ponto-gatilho.

Pontos-gatilho: como funciona essa técnica

Os pontos-gatilho miofasciais, como são chamados, correspondem a focos de hipersensibilidade nos músculos e na fáscia (tecidos que revestem nosso corpo). No caso de um tratamento para dor de cabeça crônica, esse procedimento deve ser feito em consultório pelo seu médico especialista em dor.

De forma simples, o procedimento consiste na injeção de medicamentos com agulhas finas e seringas nos pontos mais críticos da dor, contribuindo assim para seu alívio. “Na maioria das vezes, usamos anestésicos locais”, explica o Dr. José sobre os tipos de medicamentos utilizados nessa prática inovadora. “Contudo, corticoides, anti-hipertensivos e até mesmo a infiltração sem medicamentos, que é o agulhamento à seco como chamamos, podem ser realizados”, conta.

Para o bom resultado dos pontos-gatilho na dor de cabeça crônica é importante ter o maior número possível de aliados. “A infiltração pontos-gatilho é uma excelente opção de tratamento tópico em casos selecionados, e, além disso, ela não contraindica o tratamento medicamentoso e de outras terapias”, esclarece o Dr. José.

Ou seja, para que o resultado no paciente seja ainda mais eficaz, a técnica permite que outros medicamentos sejam prescritos e realizados durante o procedimento. Ainda é importante serem realizadas em conjunto medidas interdisciplinares como atividade física, alongamento, fisioterapia e outros. Claro, tudo com recomendação e orientação médica para cada caso.

Como único requisito para começar o tratamento é justamente a avaliação médica que define a indicação do paciente para o procedimento. Dependendo do caso, podendo ser até mesmo realizado na primeira consulta.

Cefaleia crônica x trigêmeo

Na neurologia é comum atendermos pacientes com a neuralgia do trigêmeo. Este é um quadro de dor associado ao nervo trigêmeo responsável pela sensibilidade da face.

Por isso, é comum surgir a dúvida se os pontos-gatilho poderiam ser considerados também nessa condição. No entanto, o Dr. José explica que existe uma diferença nesses procedimentos. “A infiltração ponto-gatilho é para tratamento da dor miofascial, ou seja a dor muscular, que acompanha de enxaqueca e outras dores orofaciais como o distúrbio da ATM”, explica.

Ou seja, não é um tratamento que necessariamente procura focar no nervo da face, mas nos músculos. Porém, é possível usar a infiltração para tratar as dores associadas que podem surgir da neuralgia. “No tratamento do trigêmeo, especificamente, podemos realizar bloqueios de nervo, rizotomias por radiofrequência ou mesmo a aplicação da toxina botulínica”, comenta o especialista.

De qualquer forma, o Dr. José ressalta que ter dor não é normal e que o mais importante é uma conversa honesta e transparente com seu médico. “Qualquer dor que seja diferente do usual, vale a memória de uma antiga campanha da Sociedade Brasileira de Cefaleias chamada “Três é demais”. Em caso de três dias ou mais de dor, não perca tempo e consulte seu médico de confiança”, finaliza.

Na NeuroDOC você encontra neurologistas clínicos especialistas para atender as suas queixas e orientar para o melhor tratamento possível. Sempre de maneira humanizada e com qualidade assistencial!

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