Como é feito o tratamento da epilepsia?

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OMS estima que até 50 milhões de pessoas possam ter epilepsia em todo mundo e atendimento adequado com neurologista é chave para um tratamento eficaz.

“A epilepsia é uma doença mais comum do que se imagina, podendo afetar até 2% da população brasileira”. É o que diz a Dra. Ana Carolina Andrade, neurologista da NeuroDoc e membro da Academia Brasileira de Neurologia. “Por ser uma doença ainda estigmatizada é importante que a gente conscientize sobre o diagnóstico e principalmente tratamento adequado”, explica a especialista.

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde, além do Brasil, estima-se que existam 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo com a epilepsia. Caracterizada como doença neurológica, as crises epilépticas ocorrem por descargas elétricas descontroladas nos neurônios, gerando as crises. Por isso, um bom atendimento com um neurologista e um bom estudo clínico do paciente são peças importantes para melhor diagnóstico e tratamento do problema.

Dando o tom ao nosso texto, a Dra. Ana Carolina explica, então, sobre os principais remédios e orientações aos pacientes e familiares sobre a doença. Afinal, conscientização e informação de qualidade contribuem para que as pessoas procurem o tratamento no momento adequado e ajude a reconfigurar uma ideia arcaica em relação à doença.

Tratamento para epilepsia: quanto dura e quais medicamentos?

Após o diagnóstico da epilepsia, o primeiro passo que o especialista dará sobre o tratamento é em relação qual medicação será inicialmente aplicada. “É importante explicarmos sobre a forma correta de uso do fármaco, além de falar dos efeitos colaterais possíveis e orientar sobre gatilhos, como beber álcool, privação de sono e estresse emocional”, explica a neurologista.

O que o medicamento de epilepsia faz é basicamente bloquear o impulso nervoso e impedir que ocorra as crises convulsivas. Existem no mercado vários tipos de produtos que podem ser usados, como ácido valproico, levetiracetam, oxcarbazepina, entre outros. No entanto, faz parte da análise clínica do neurologista avaliar junto ao paciente quesitos como comorbidades, histórico clínico e decidir qual remédio será mais eficaz.

“De todo modo, precisamos lembrar que o uso dos medicamentos é de forma regular, o tempo pode variar dependendo do paciente, e não esquecer nenhuma dose”, reforça a Dra. Ana. ” Caso o paciente esqueça, tomar imediatamente após lembrar, mas é necessário que o próprio paciente se engaje e participe do tratamento para controlar cada vez mais suas crises”, diz a especialista.

Principais cuidados durante o tratamento

Além de manter o uso dos medicamentos de forma contínua, existem diversos outros hábitos na nossa vida cotidiana que precisamos ficar atentos quando o assunto é tratar epilepsia. Entre eles, evitar o consumo de álcool. Isso porque ambos acabam se concentrando em um órgão importante: o fígado.

A doutora Ana Carolina explica que da mesma forma que o álcool é metabolizado pelo nosso fígado, os medicamentos também precisam do órgão para serem processados e absorvidos pelo nosso corpo. “Então, se eu tenho duas fontes competindo no fígado, um deles fica menos metabolizado e pode ser que o remédio não faça o efeito devido”, explica. Por isso, diminuir a ingesta de álcool, ou até mesmo cessar o consumo, é um passo importante.

Da mesma forma, precisa-se evitar o consumo de drogas ilícitas e do fumo. O segredo está na fórmula mágica que realmente funciona: um bem-estar pleno. “Ter hábitos saudáveis funciona para a epilepsia, mas também para qualquer doença. É importante que a gente tenha uma alimentação saudável, faça atividade física regular, diminua o estresse e durma bem”, comenta a Dra. Ana.

E no caso de presenciar uma crise, o que fazer?

Mais importante do que dar as orientações ao paciente é também orientar os familiares. Por isso, como parte da consulta com o neurologista, faz parte também falar com as pessoas próximas do paciente sobre como proceder no caso de presenciar uma crise.

“O mais importante é proteger a cabeça para que não a bata”, diz a Dra. Ana. Como as crises geram uma força muito forte, se a pessoa não estiver com a cabeça protegida, possa ser que faça machucados e até mesmo outros danos no crânio. “Outra dica necessária é virar o paciente de lado, para que caso haja vômito ou mesmo muita produção de saliva, o paciente não tenha todo aquele material entrando nas vias áreas e causando a broncoaspiração”, fala.

Além dessa dica, a especialista ainda revela que não é necessário colocar nada na boca do paciente. “Nestes casos é capaz até que o paciente te morda e machuque sua mão”, alerta. Após seguir essas dicas é necessário esperar passar e levar o paciente imediatamente ao médico.

A cura existe?

Muitas vezes quando pensamos em doenças, imediatamente queremos saber a cura. Mas no caso da epilepsia, a Dra. Ana Carolina nos explica que ela é mais uma doença controlada, do que necessariamente curada. “O paciente que faz o uso do fármaco anticrise e fica, por exemplo, um ano se ter episódios, se a ressonância e o eletroencefalograma estão normais, é possível discutir com o paciente a retirada do medicamento”, explica. No entanto, a doutora reforça que mesmo nesses casos ainda é possível que crise volte.

A cirurgia para epilepsia também é citada, inclusive já falamos aqui na NeuroDoc mais sobre ela. No entanto, a doutora reforça que o paciente se torna candidato a cirurgia dependendo do estado clínico. “Se a pessoa faz acompanhamento contínuo, usa pelo menos duas medicações em doses otimizadas, realizou todo o controle de gatilhos, como estresse e sono, mas ainda sim continua com episódios, podemos dizer que é somente nestes casos a cirurgia pode ser considerada”, esclarece.

De qualquer modo, falar sobre epilepsia continua sendo imprescindível para que os tratamentos fiquem cada vez mais eficazes. Afinal, não somente o remédio, mas é importante que as famílias e os pacientes procurem um neurologista mais cedo. “A epilepsia por muitos anos era tratada como uma doença psiquiátrica, hoje sabemos que ela é uma doença neurológica causada pela descarga elétrica não provocada devido aos avanços tecnológicos e científicos”, explica.

Por “não provocada”, a doutora explica que são aquelas crises que ocorrem em pacientes que fazem exames diagnósticos de cabeça e dão normais, bem como exames de sangue regularizados. Como antigamente acreditava-se que a pessoa estava saudável, por isso acreditavam que as crises eram mais psiquiátricas do que necessariamente neurológicas.

A convulsão é aquele episódio em que a descarga elétrica que faz com que a pessoa tenha abalos musculares, perda da consciência e outros sintomas como liberação do esfincter. Porém, as convulsões podem ser causadas por outras doenças como tumor, sangramento intracraniano e meningite. Por ser um sintoma comum é provável que as pessoas confundam, mas caso as crises de convulsão aconteçam fora desse contexto, então é um paciente epiléptico. E uma boa consulta com neurologista consegue identificar isso.

“Por isso é importante conscientizar sobre a doença, para que as pessoas entendam o diagnóstico e procurem o tratamento certo”, deixa como recado a Dra. Ana. Mesmo na infância, quando episódios assim ocorrerem, é necessário que os pais levem ao neurologista desde cedo. “Claro, o paciente vai ter gatilhos de crises, mas um tratamento adequado, humanizado e eficaz possibilita uma vida social comum e ajuda a diminuir os estigmas da doença”, finaliza.

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